Adenomegalia

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Adenomegalia

Texto de Adriana Façanha


Os linfonodos ou nódulos/gânglios linfáticos são parte integrante do sistema imune, que conta também com órgãos como a medula óssea, timo e baço. A adenomegalia pode ser um sinal, quando observada pelo médico ao exame físico, ou pode vir como queixa principal ou secundária do paciente que busca atendimento em diversas especialidades médicas.


É importante recordar aqui a função e a estrutura do linfonodo. São eles estruturas encadeadas, isoladas por cápsula de tecido conjuntivo denso, formadas por cordões celulares de linfócitos, macrófagos e células dendíticas ( ambos células apresentadoras de antígenos), plasmócitos e fibroblastos. Também faz parte do linfonodo o hilo, estrutura que contém a artéria responsável pelo aporte sanguineo, a veia responsável pela drenagem sanguinea e o vaso linfático aferente. A cadeia linfonodal como um todo esvaziam a lingfa drenada para grandes vasos linfáticos, como o ducto torácico. Estruturalmente os linfonodos são divididos nas áreas cortical, paracortical e medular. Os linfócitos B encontram-se na zona cortical, formando os centros germinativos. Os linfócitos T ( 80% TCD4 e 20 % TCD8) formam a zona paracortical. Os antígenos reconhecidos e processados pelas células dendríticas, macrófagos e por linfócitos B nos diversos tecidos do corpo são apresentados aos linfócitos T e B no linfonodo, fato que propicia o reconhecimento final do antígeno pelo organismo, a formação de anticorpos específicos e a expansão clonal de linfócitos B que ganham a corrente sanguinea, agora capazes de produzir esses anticorpos.

Os linfonodos tem um tamanho normal de 0,5-2cm. Em condições normais, muitas pessoas possuem linfonodos palpáveis de caráter residual, isto é, crescidos de forma persistentes às custas de infecções passadas (cadeias cervicais, submandibulares). Existem as cadeias linfonodais superficiais(devem ser examinadas – cadeias pré-auriculares, retroauriculares, cervicais anteriores e posteriores, submandibulares, occipitais, submentonianas, supraclaviculares,epitrocleares) e profundas ( examinadas por métodos de imagem, biópsia).

O que pode fazer um linfonodo crescer? Aumento do número de linfócitos e de macrófagos – proliferação celular como resposta imune. Infliltrados Inflamatórios Proliferação celular maligna primária do linfonodo Proliferação celular maligna secundária – mestástases Infiltração do linfonodo por macrófagos com depósitos intracelulares.

Um linfonodo aumentado de tamanho deve chamar atenção quando é um crescimento recente,de causa aparentemente desconhecida e quando tem um tamanho maior que 1cm.

O médico deve estar atento a avaliação do linfonodo: idade do paciente, características do exame do linfonodo,localização do linfonodo palpável e sintomatologia associada. A idade do paciente pode falar de benignidade da adenomegalia em 80% dos indivíduos jovens com menos de 30 anos, sendo que o índice pode ser menor que 50% em indivíduos com mais de 50 anos. A consistênsia firme, elástica, o aspecto de coalescência de linfonodos e o caráter não doloroso pode fazer o médico pensar em linfoma – tumor primário do órgão. Característcas de consistência pétrea, endurecida, aderência a planos profundos são mais associadas a tumores metastáticos. A avaliação do linfonodo palpável inclui o raciocínio de que aquela cadeia drena determinada região do corpo. Por exemplo, quando se palpam gânglios inguinais bilateralmente, pode-se pensar em doenças sexualmente transmissíveis. O gânglio de Virchow é o linfonodo supraclavicular esquerdo palpável, que sugere fortemente um tumor do trato gastrintestinal. Os gânglios cervicais supurativos podem sugerir a linfadenite tuberculosa – escrófula – comum em áreas endêmicas da doença.

O quadro clinico associado é fundamental para a avaliação criteriosa do linfonodo palpável. Sintomas/sinais de febre recente, dor à palpação do gânglio, dor no corpo(mialgia), anorexia e linfocitose ao hemograma são indicativos de uma adenomegalia reacional – síndrome de mononucleose-like. Já um quadro clínico de adenomegalia de crescimento arrastado, com sintomas de febre com calafrios, anorexia e perda ponderal importantes falam bastante a favor de um quadro de malignidade, como tuberculose ou linfoma.


Fonte: Isabela M. Benseñor – Semiologia Clínica.

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