Texto de Clara Mota Randal Pompeu
O ovócito imaturo, quando fecundado por um espermatozóide, completa sua segunda divisão meiótica, tornando-se então um ovócito maduro. A fecundação se completa, levando à formação do zigoto.
O zigoto é deslocado através da tuba em direção à parede do útero, e ocorrem clivagens, uma serie de divisões mitóticas, formando, então, a mórula, uma bola de 12 ou mais blastômeros. Ocorre a formação de uma cavidade na mórula, a cavidade blastocística, que passa a ser chamada de blastocisto, sendo este formado pelo trofoblasto e pelo embrioblasto.
Cerca de cinco dias após a fecundação, o trofoblasto adjacente ao embrioblasto adere à parede uterina, e diferencia-se em sinciciotrofoblasto e citotrofoblasto. O sinciciotrofoblasto invade o epitélio endometrial e o tecido conjuntivo subjacente. Ao fim da primeira semana, o blastocisto encontra-se implantado na parede endometrial.
Ocorrem diversas mudanças no endométrio por conta da adesão do blastocisto, situação conhecida como reação decidual. O blastocisto invasor induz a apoptose de algumas células endometriais. As chamadas células deciduais, originadas do tecido conjuntivo adjacente, acumulam glicogênio e lipídio, e irão funcionar como fonte de energia futuramente.
O sinciciotrofoblasto passa a produzir um hormônio chamado gonadotrofina coriônica, que tem por função sustentar o corpo lúteo ovariano. Esta e uma estrutura secretora de estrogênio e progesterona, sendo essencial para a manutenção da gravidez.
Ocorre a formação de uma circulação útero-placentária primitiva, e, ao décimo dia, o embrião e suas membranas extra-embrionárias encontram-se totalmente implantados no útero. O embrioblasto divide-se em hipoblasto e epiblasto, sendo que o primeiro irá originar estruturas do saco vitelínico, enquanto o segundo ira desenvolver estruturas do âmnio. Surge também a placa precordal, um espessamento local do hipoblasto, que indica a futura região cefálica do embrião e futura região da boca.
Um espessamento do epiblasto na região caudal marca o inicio da terceira semana. Esse espessamento origina a linha primitiva, que irá produzir células mesenquimais. Algumas dessas células mesenquimais migram e originam o mesoderma intra-embrionário. O epiblasto passa a ser chamado de ectoderma embrionário, e o hipoblasto de endoderma embrionário. Esse processo, conhecido como gastrulação, leva à formação do disco embrionário trilaminar.
Algumas células mesenquimais originadas do nó primitivo da linha primitiva formam o processo notocordal, que se estende do nó primitivo até a placa precordal. Forma-se então a notocorda, eixo primitivo do embrião em torno do qual se formará o esqueleto axial. Um espessamento do ectoderma, cefalicamente ao nó primitivo, leva à formação da placa neural. Nesta forma-se um sulco, margeado por pregas, que, quando se unem, formam o tubo neural, primórdio do sistema nervoso.
Certos espaços isolados surgem no mesoderma do embrião, surge o celoma. Este dará origem às cavidades do corpo. O mesoderma divide-se em estruturas chamadas somitos. Ao fim da terceira semana, já existe um coração primitivo.
Entre a quarta e a oitava semanas, ocorre a organogênese. O embrião passa por dobramentos, e os folhetos embrionários desenvolvem-se nos tecidos e órgãos, de forma que, ao fim da oitava semana, todos os principais sistemas de órgãos estão estabelecidos. Este é o período mais crítico do desenvolvimento, e ao final da oitava semana, o embrião possui características claramente humanas.
- Embriologia Clínica - Moore, Persaud - 8a. edição - Saunders - Elsevier