Cefaleia

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Texto de Ingrid Kellen Sousa Frederico


Cefaleia


Tabela de conteúdo

EPIDEMIOLOGIA

A cefaleia é a queixa mais frequente tanto dos pacientes que procuram o serviço de emergência quanto dos que procuram o consultório do neurologista. Estima-se que 7,5% da população geral sofra de migrânea. As cefaleias são mais frequentes nas mulheres e nos jovens, caindo a prevalência com o avançar da idade. O predomínio feminino é mais acentuado nas hemigranias (relação mulher/homem 3:1), mas também ocorre nas do tipo tensional.

INTRODUÇÃO

A história é o principal mecanismo de diagnóstico da cefaleia, dirigindo ou não para a necessidade de um exame mais completo. Ela, portanto, é um diagnóstico clínico, sendo necessária investigação mais completa apenas nos casos em que o paciente não respondeu à terapêutica inicial, ou que contar com uma história clínica de início abrupto, ou de mudança inesperada no padrão da dor, ou de traumatismo prévio ao início dos sintomas.

CLASSIFICAÇÃO

1. Segundo Etiologia:

Cefaleia Primária – cursam com história rica e exames clínicos e neurológicos normais. O principal exemplo é a migrânea(enxaqueca), a cefaleia tipo tensão e a cefaleia em salvas.

Cefaleia Secundária – cursam com doenças demonstráveis pelos exames clínicos e laboratoriais. Nestes casos, a dor seria consequência de uma agressão ao organismo, de ordem geral ou neurológica. Exemplos: as cefaleias associadas às infecções sistêmicas, hemorragias cerebrais e meningites.

2. Segundo modo de instalação e evolução:

Cefaleias explosivas – surgem abruptamente, atingindo a intensidade máxima instantaneamente, às vezes, com o paciente se referindo a um estalo. Sugere a ruptura de um aneurisma arterial intracraniano ou de outras malformações vasculares. Existem, todavia, tipos benignos de cefaleia com esse início: a cefaléia orgásmica e a “thunderclap headache”.

Cefaleias Agudas – atingem seu máximo em minutos ou poucas horas. Cefaleias primárias e secundárias podem ter essa apresentação.

Cefaleias subagudas – instalação insidiosa atingindo o ápice em dias ou poucos meses (até três meses). Ocorrem, preferencialmente, nas cefaléias secundárias, decorrentes de hematomas subdurais, tumores de crescimento rápido, meningites crônicas (fungo, tuberculose).

Cefaleias crônicas – persistem por meses ou anos e são, em geral, primárias. Podem ser recidivantes (aparecem em períodos variáveis de tempo – minutos, horas, dias – para depois desaparecerem) ou persistentes (aparecendo diariamente ou quase diariamente, por um período mínimo de quatro horas).

ANAMNESE

    1.	Tipo da dor
    2.	Curso Clínico
    3.	Duração da dor
    4.	Localização da dor
    5.	Fatores desencadeantes
    6.	Fatores que exacerbam
    7.	Fatores de alívio
    8.	Sintomas associados
    9.	Pródromos
   10.	Cefaleias anteriores

EXAME FÍSICO

    1.	Sinais Vitais
    2.	Exame do Crânio
    3.	Ectoscopia
    4.	Sinais de irritação meníngea
    5.	ACP

EXAME NEUROLÓGICO

    1.	Status Mental
    2.	Fundoscopia
    3.	Déficits Motores
    4.	Alterações em Pares Cranianos
    5.	Pontos dolorosos
    6.	ROT
    7.	RCP

CRITÉRIOS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE CEFALEIAS

• Enxaqueca

Nome substituído por hemicrania com ou sem aura.

Hemicranias são cefaleias unilateral e latejante, acompanhada de intolerância à luz e aos sons, com náuseas ou vômitos, e duram de 4 a 72 horas sem tratamento. A dor piora com atividade física. A prevalência é igual em ambos os sexos até a puberdade, quando passa a predominar nas mulheres, voltando a diminuir na menopausa.

A hemicrania com aura é uma síndrome que inicia com sintomas premonitórios visuais, sensoriais e motores seguidos, diretamente ou com intervalo de até 1 hora, por cefaleia característica da enxaqueca.

A hemicrania sem aura consiste em dor com as mesmas características, entretanto, sem a presença de sintomas premonitórios. São mais frequentes que as com aura.

• Cefaleia do tipo tensional

Dor em peso ou em pontada, de intensidade leve a moderada, geralmente bilateral, que não piora com atividade física. Estão, geralmente, ausentes intolerância à luz e aos sons e quando estão presentes são de menor intensidade, nunca estando presentes ao mesmo tempo. Náuseas e vômitos são raros. É o tipo de cefaleia mais frequente e o principal motivo de absenteísmo ao trabalho no mundo. Podem ser episódicas ou crônicas:

Episódicas: Duração < 15 dias por mês (ou < 180 dias por ano). Grande co-morbidade com alterações psiquiátricas.

Crônicas: Duração > 15 dias por mês (ou >180 dias por ano)

• Cefaleia em salvas

Também chamada de cefaleia de Horton ou de cefaleia histamínica.

Dor obrigatoriamente unilateral, de grande intensidade e localização orbital, supra orbital ou temporal, com duração de 15 a 180 minutos, podendo ocorrer de um a oito episódios diários. Os episódios acontecem em série, que podem durar semanas ou meses, separadas por longos períodos de remissão que duram meses ou anos. Associada aos seguintes sinais do lado da dor:

     I)Irritação conjuntival
     II)Lacrimejamento
     III)Congestão nasal
     IV)Rinorreia
     V)Sudorese facial e na testa
     VI)Miose
     VII)Ptose
     VIII)Edema palpebral

Predominam em homens magros com idade superior a 50 anos. Associada a um aumento da ingestão alcoólica e tabagismo.

Tratamento: Triptanos e Oxigenioterapia.

Obs: Diagnóstico Diferencial – Hemicrania paroxística crônica, caracterizada pela resposta à administração de indometacina.

• Cefaleias Secundárias

- Febre

- Hipertensão Arterial

TRATAMENTO DA CRISE

  • 1a opção: AINH + Anti-emético ou Analgésico + Anti-emético
  • 2a Opção: derivados da DHE ou triptano
  • 3a Opção: Clorpromazina e Corticóide
  • 4a Opção: Opiáceos

TRATAMENTO PROFILÁTICO

  • Anticonvulsivantes
  • Anti-depressivos
  • Β-bloqueadores
  • Bloqueadores de canais de cálcio
  • Anti-histamínicos
  • Lítio
  • Methisergida


Fontes:

SPECIALI JG. Classificação das cefaléias. Medicina, Ribeirão Preto, 30: 421-427, out./dez. 1997.

Bensenor, Isabela M.; Martins, Milton de Arruda; Atta, José Antonio/SARVIER - Semiologia Clínica

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