Cirrose - Patologia

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Edição feita às 01h59min de 29 de Setembro de 2009 por Danny (Discussão | contribs)

Texto de Danni Wanderson

Cirrose – Patologia


A cirrose está entre as 10 causas principais de morte no mundo ocidental. Os principais contribuintes em todo o mundo são o abuso de álcool e hepatite viral. Outras causas incluem doença biliar e sobrecarga de ferro. A cirrose como fase terminal de hepatopatia crônica é definida por 3 características:

• Septos fibrosos confluentes na forma de faixas delicadas ou cicatrizes largas, ligando os tratos portais um com o outro e os tratos portais com as veias hepáticas terminais.

• Nódulos parenquimatosos contendo hepatócitos em proliferação circundados por fibrose, com diâmetros variando de muito pequenos (< 3mm, micronódulos) a grandes (vários centímetros, macronódulos)

• Destruição da estrutura de todo o fígado.

Várias características da cirrose devem ser realçadas:

• A lesão parenquimatosa e a fibrose conseqüente são difusas, estendendo-se por todo o fígado. A lesão focal com cicatrização fibrótica não constitui cirrose, nem a transformação nodular difusa sem fibrose.

• A nodularidade faz parte do diagnóstico e reflete o balanço entre a atividade regenerativa e a fibrose constritiva

• Há a formação de interconexões anormais entre os canais vasculares de influxo e os de efluxo pela veia hepática. Como resultado, o sangue venoso portal e o arterial desviam-se parcialmente da massa funcional de hepatócitos através desses canais anormais.

• A fibrose é uma característica-chave da lesão progressiva ao fígado. Com a cessação da lesão causal, pode ocorrer regressão lenta da fibrose. Uma vez que a fibrose tenha se desenvolvido, a reversão é considerada rara.


Etiologia

A cirrose é classificada com base na etiologia: uma vez instalada a doença, a etiologia pode ser impossível de ser estabelecida. As causas principais no mundo ocidental são:

• Doença hepática alcoólica 60%-70%

• Hepatite viral 10%

• Doenças biliares 5%-10%

• Hemocromatose primária 5%

• Doença de Wilson rara

• Deficiência de alfa1-antitripsina rara

• *Cirrose criptogênica 10%-15%

  • Muitos casos de cirrose criptogênica podem ser conseqüência de doença hepática gordurosa não-alcoólica ou hepatite auto-imune.


Patogenia

A cirrose é caracterizada por fibrose progressiva e reorganização da microarquitetura vascular. Os colágenos (tipos I e III) são encontrados normalmente nos tratos portais e em torno das veias centrais, com feixes ocasionais no espaço de Disse associados a delicados filamentos de reticulina (colágeno tipo IV). Na cirrose, os colágenos tipos I e III são depositados em várias partes do fígado, criando faixas delicadas de colágeno subendotelial que dividem o parênquima, e a fibrose do trato portal cria largas ponte portal-portal. O endotélio sinusoidal perde suas fenestrações. Miofibroblastos preexistentes nos tratos portais são a principal fonte de fibrose. A principal fonte de excesso de colágeno sinusoidal é a célula estrelada perissinusoidal (célula de Ito); normalmente funcionando como células armazenadoras de vitamina A e gordura. Quando lesionadas as células estreladas transformam-se em células semelhantes a miofibroblastos. As células estreladas e os miofibroblastos são ativados por:

• Citocinas pró-inflamatórias (p.ex., fator de necrose tumoral-alfa e interleucina-1) da inflamação crônica.

• Citocinas liberadas por células endógenas (células de Kupffer, células endoteliais, hepatócitos e células epiteliais dos ductos biliares)

• Destruição da matriz extracelular normal

• Estimulação direta das células estreladas por toxinas ou miofibroblastos do trato portal


Características clínicas

 A cirrose pode ser clinicamente silenciosa por anos; quando sintomática, apresenta-se com anorexia, perda de peso, fraqueza, osteoporose e debilitação. A morte é causada por:

• Insuficiência hepática

• Complicações da hipertensão portal

• Carcinoma hepatocelular

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