Doença Ulcerosa Péptica

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''Texto de Raimundo Luiz da silveira Neto''
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==Fisiopatologia==
==Diagnóstico==
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O diagnóstico de doença ulcerosa é suspeitado nos pacientes que apresentem Síndrome Dispéptica, a qual tem como principais diagnósticos diferenciais:  
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==Tratamento==
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Caso o paciente não tenha indicação de Endoscopia faz-se o tratamento emípirico com:
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Caso o paciente '''NÃO''' tenha indicação de endoscopia e o médico julgue que o paciente tenha úlcera, pode-se comprovar se o paciente tem H. Pylori por métodos mais baratos como o teste da urease respiratória e, caso positivo, tratar empiricamente como úlcera. '''Lembre-se, a suspeita de úlcera não é indicação de se realizar EDA.'''
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Nos pacientes com Diagnóstico de ùlcera péptica está indicado o tratamento para tentar cicatrizar a úlcera com IBP (Inibidores da Bomba de Prótons) e antibióticos contra o H. Pilory.
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Nos pacientes com diagnóstico de úlcera péptica por endoscopia está indicado o tratamento para tentar cicatrizar a úlcera com IBP. (Inibidores da Bomba de Prótons) e antibióticos contra o H. Pilory.
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Eventualmente, o paciente pode realizar EDA para avaliar Síndrome Dispéptica e ser encontrado H. pylori e o paciente não apresentar úlcera.O que fazer nessas situação? tratar o H. Pylori?
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Eventualmente, o paciente pode realizar EDA para avaliar Síndrome Dispéptica e ser encontrado H. pylori e o paciente não apresentar úlcera. Por isso, definiu-se condições em que o H. Pylori deve ser tratado
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Para solucionar essa dúvida definiu-se condições em que o H. Pylori deve ser tratado.
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A conduta após o tratamento clínico da úlcera passa a ser diferente entre a úlcera duodenal e gástrica. Não é necessário realizar nova EDA se a úlcera era duodenal. Isso ocorre porque dificilmente uma úlcera duodenal pode ser a apresentação de um câncer. Assim, pode-se fazer apenas a verificação se o paciente curou da infecção do H. pylori. Para isso, pode-se lançar mão do teste da urease - mais barato que a EDA.
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A conduta após o tratamento clínico da úlcera passa a ser diferente entre a úlcera duodenal e gástrica. Não é necessário realizar nova EDA se a úlcera era duodenal. Isso ocorre porque dificilmente uma úlcera duodenal pode ser a apresentação de um câncer. Assim, pode-se fazer apenas a verificação se o paciente curou da infecção do H. pylori. Para isso, pode-se lançar mão do teste da urease respiratória- mais barato, pois não requer a EDA.
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Já na úlcera gástrica é necessário verificar se a úlcera cicatrizou e certificar-se disso com Endoscopia. Isso porque, a úlcera poderia ser na verdade um câncer gástrico - mesmo que a biópsia tenha sido negativa, uma vez que o endoscopista pode ter biopsiado um fragmento da úlcera que não continha células neoplásicas. Assim, como será realizada uma nova EDA com biópisa, pode-se verificar por esse método se a infecção por H. pylori foi curada.
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Já na úlcera gástrica é necessário verificar se a úlcera cicatrizou e certificar-se disso com endoscopia. Isso porque, a úlcera poderia ser na verdade um câncer gástrico - mesmo que a biópsia tenha sido negativa, uma vez que o endoscopista pode ter biopsiado um fragmento da úlcera que não continha células neoplásicas. Assim, como será realizada uma nova EDA com biópisa, pode-se verificar por esse método se a infecção por H. pylori foi curada.
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O que fazer se após o tratamento para H. pilory o paciente não ficou curado?
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'''O que fazer se após o tratamento para H. pilory o paciente não ficou curado?'''
Pode-se tentar um novo esquema. O esquema 01 tem índices de cura de até %. O esquema 03, bem mais barato tem índices de cura de %.  
Pode-se tentar um novo esquema. O esquema 01 tem índices de cura de até %. O esquema 03, bem mais barato tem índices de cura de %.  
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É importante ressaltar que a comprovação da permanência da existência de H. pylori (feita por Teste da urease no caso da úlcera duodenal e feita por EDA com biópsia no caso da úlcera gástrica) não pode ser feita com dosagem de anti-corpos contra H. Pylori, uma vez que os seus títulos podem ser mantidos elevados mesmo após a erradicação da bactéria.
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É importante ressaltar que a comprovação da permanência da existência de H. pylori (feita por Teste da urease respiratória  no caso da úlcera duodenal e feita por EDA com biópsia no caso da úlcera gástrica) não pode ser feita com dosagem de anti-corpos contra H. Pylori - sorologia, uma vez que os seus títulos podem ser mantidos elevados mesmo após a erradicação da bactéria.
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===Cirúrgico===
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A cirurgia para o tratamento da úlcera estará indicada em 2 situações:
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*Recidiva ou Refratariedade ao tratamento Clínico
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*Complicações da Úlcera Péptica
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'''Quais procedimentos cirúrgicos?'''
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*Vagotomia + Antrectomia + Bilroth II
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*Vagotomia Troncular + Piroloplastia
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*Vagotomia Gástrica Proximal (Superseletiva)
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==== Complicações operatórias ====
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Complicações Precoces
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Complicações Tardias
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==Complicações da Úlcera==
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São três as complicações da DUP.
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===Perfuração ===
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===Obstrução===
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===Hemorragia===
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A hemorragia é a complicação mais freqüente, podendo se apresentar como hematêmese ou melena.
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O primeiro passo é estabilizar clinicamente o doente, tentando reestabelecer a volemia, podendo-se lançar mão de cristalóides ou concentrados de hemácias.
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<center> '''Tratamento endocópio''' </center>
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Pode se injetar epinefrina seguida de termocoagulação.
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'''Úlceras Duoedenais =''' pilorotomia com ulcerorrafia. Fecha-se a pilorotomia com uma piloroplastia e faz uma vagotomia troncular
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'''Úlceras Gástricas =''' retirada da úlcera e o tipo de cirurgia depende da localização da lesão. Vagotomia não indicada (exceto em úlcera pré-pilórica ou úlcera duodenal concomitante.
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Referências
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Gastroenterologia e Hepatologia - José Milton de Castro e Lima, Editora UFC, 2010.
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Fundamentos da Cirurgia Digestiva/ Francisco Sérgio Pinheiro Regadas, José Huygens Parente Garcia e Lusmar Vera Rodrigues [organizadores]. - Fortaleza: Edições UFC, 2010.

Edição atual tal como 03h29min de 27 de Junho de 2012

Texto de Raimundo Luiz da silveira Neto

Tabela de conteúdo

Fisiopatologia

Diagnóstico

O diagnóstico de doença ulcerosa é suspeitado nos pacientes que apresentem Síndrome Dispéptica, a qual tem como principais diagnósticos diferenciais:

Diagnóstico Diferencial de Dispepsia
1.Dispepsia Funcional

2. Doença Ulcerosa Pética

3. Cólica Biliar

4. Doença do Refluxo Gastro-Esofágico

5. Adenocarcinoma Gástrico

5. Gastrite

O diagnóstico de Úlcera péptica é dado por Endoscopia Digestiva, mas por ser um exame oneroso, essa só precisa ser pedida na presença de sinais de alarme para adenocarcinoma gástrico, ou seja, nos seguintes pacientes com dispepsia e que apresente uma das condições:

Critérios para solicitar Endoscopia Digestiva Alta
1. Idade maior que 45 anos

2. Disfagia

3. Odinofagia

4. Perda de Peso

5. Anemia

5. Sangramento

5. Massa abdominal ou adenopatia

5. Vômitos recorrentes

6. Gastrectomia parcial prévia

7. História familiar de adenocarcinoma gástrico em parente de 1o. grau.

Tratamento

Clínico

Caso o paciente NÃO tenha indicação de endoscopia e o médico julgue que o paciente tenha úlcera, pode-se comprovar se o paciente tem H. Pylori por métodos mais baratos como o teste da urease respiratória e, caso positivo, tratar empiricamente como úlcera. Lembre-se, a suspeita de úlcera não é indicação de se realizar EDA.


Nos pacientes com diagnóstico de úlcera péptica por endoscopia está indicado o tratamento para tentar cicatrizar a úlcera com IBP. (Inibidores da Bomba de Prótons) e antibióticos contra o H. Pilory.

AVISO MÉDICO
Advertência: A WikiPETia não é um consultório médico.
Se necessita de ajuda, consulte um profissional de saúde.

As informações aqui contidas não têm caráter de aconselhamento.


Esquema 01. Tratamento do Helicobacter pylori por 7 dias
1. Omeprazol 20mg/dia

2. Claritromicina 500mg 12/12h

3. Amoxicilina 1g 12/12h

Esquema 02. Tratamento do Helicobacter pylori por 7 dias
1. Omeprazol 20mg/dia

2. Claritromicina 500mg 12/12h

3. Furazolidona 200mg 8/8h

*Esquema 03. Tratamento do Helicobacter pylori por 7 dias
1. Omeprazol 20mg/dia

2. Tetraciclina 500mg 6/6h

3. Furazolidona 200mg 8/8h

*Tratamento mais barato


Eventualmente, o paciente pode realizar EDA para avaliar Síndrome Dispéptica e ser encontrado H. pylori e o paciente não apresentar úlcera.O que fazer nessas situação? tratar o H. Pylori?

Para solucionar essa dúvida definiu-se condições em que o H. Pylori deve ser tratado.

Condições em que se deve tratar o Helicobacter pylori
1. Doença Ulcerosa Péptica

2. Pacientes que fazem uso crônico de AAS ou AINEs

3. Linfoma MALT

4. Adenocarcinoma Gástrico *

* Câncer precoce ressecado ou pacientes com câncer que fizeram gastrectomia subtotal.

A conduta após o tratamento clínico da úlcera passa a ser diferente entre a úlcera duodenal e gástrica. Não é necessário realizar nova EDA se a úlcera era duodenal. Isso ocorre porque dificilmente uma úlcera duodenal pode ser a apresentação de um câncer. Assim, pode-se fazer apenas a verificação se o paciente curou da infecção do H. pylori. Para isso, pode-se lançar mão do teste da urease respiratória- mais barato, pois não requer a EDA. Já na úlcera gástrica é necessário verificar se a úlcera cicatrizou e certificar-se disso com endoscopia. Isso porque, a úlcera poderia ser na verdade um câncer gástrico - mesmo que a biópsia tenha sido negativa, uma vez que o endoscopista pode ter biopsiado um fragmento da úlcera que não continha células neoplásicas. Assim, como será realizada uma nova EDA com biópisa, pode-se verificar por esse método se a infecção por H. pylori foi curada.

O que fazer se após o tratamento para H. pilory o paciente não ficou curado?

Pode-se tentar um novo esquema. O esquema 01 tem índices de cura de até %. O esquema 03, bem mais barato tem índices de cura de %.

É importante ressaltar que a comprovação da permanência da existência de H. pylori (feita por Teste da urease respiratória no caso da úlcera duodenal e feita por EDA com biópsia no caso da úlcera gástrica) não pode ser feita com dosagem de anti-corpos contra H. Pylori - sorologia, uma vez que os seus títulos podem ser mantidos elevados mesmo após a erradicação da bactéria.

Cirúrgico

A cirurgia para o tratamento da úlcera estará indicada em 2 situações:

  • Recidiva ou Refratariedade ao tratamento Clínico
  • Complicações da Úlcera Péptica

Quais procedimentos cirúrgicos?

Tratamento Cirúrgico para úlcera péptica

Tipo Localização Tratamento
I corpo (pequena curvatura) Antrectomia + Bilroth I
II corpo (grande curvatura) Vagotomia + Antrectomia + Bilroth II
III pré-pilórica (grande curvatura) Vagotomia + Antrectomia + Bilroth II
IV Próximo a JEC (pequena curvatura) Gastrectomia sub-total + Y de Roux
Duodenal Duodeno
  • Vagotomia + Antrectomia + Bilroth II
  • Vagotomia Troncular + Piroloplastia
  • Vagotomia Gástrica Proximal (Superseletiva)

Complicações operatórias

Complicações Precoces

Complicações Tardias

Complicações da Úlcera

São três as complicações da DUP.

Perfuração

Obstrução

Hemorragia

A hemorragia é a complicação mais freqüente, podendo se apresentar como hematêmese ou melena.

Tratamento Clínico

O primeiro passo é estabilizar clinicamente o doente, tentando reestabelecer a volemia, podendo-se lançar mão de cristalóides ou concentrados de hemácias.

Tratamento endocópio

Pode se injetar epinefrina seguida de termocoagulação.

Tratamento Cirúrgico

Úlceras Duoedenais = pilorotomia com ulcerorrafia. Fecha-se a pilorotomia com uma piloroplastia e faz uma vagotomia troncular

Úlceras Gástricas = retirada da úlcera e o tipo de cirurgia depende da localização da lesão. Vagotomia não indicada (exceto em úlcera pré-pilórica ou úlcera duodenal concomitante.

Referências

Gastroenterologia e Hepatologia - José Milton de Castro e Lima, Editora UFC, 2010.

Fundamentos da Cirurgia Digestiva/ Francisco Sérgio Pinheiro Regadas, José Huygens Parente Garcia e Lusmar Vera Rodrigues [organizadores]. - Fortaleza: Edições UFC, 2010.

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