Estenose Mitral - em construção

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Edição de 01h30min de 7 de Setembro de 2011

ESTENOSE MITRAL

Escrito por Clara Mota Randal Pompeu



A valva mitral é uma valva atrioventricular localizada entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo. Durante a diástole, esta se abre (a área valvar mitral é de 4-6cm2) para permitir a passagem do sangue do átrio para o ventrículo, e, durante a sístole, a valva mitral se fecha para impedir retorno de sangue para o átrio e para que o sangue encaminhe-se para a aorta. O aparelho valvar mitral é formado pelo ânulo mitral, por duas cúspides, pela cordoália tendínea e pelos músculos papilares.

FISIOPATOLOGIA

Define-se estenose mitral, quando a área valvar mitral torna-se inferior a 2,5cm2, criando um grandiente de pressão diastólica entre o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo, fazendo com que o sangue só seja impulsionado para o VE quando há um gradiente de pressão atrioventricular muito elevado. Isso leva ao aumento da pressão venosa pulmonar e da pressão em cunha na artéria pulmonar, o que contribui para a dispnéia.

Pode haver síndrome congestiva pulmonar , pois o aumento de pressão no átrio esquerdo se transmite ao leito capilar pulmonar, levando a ingurgitamento venoso e extravasamento capilar. Há também uma constricção arteriolar pulmonar, além de alterações obstrutivas orgânicas no leito capilar pulmonar. Uma hipertensão pulmonar grave pode levar a aumento do VD, insuficiência tricúspide, regurgitação pulmonar e insuficiência cardíaca direita.

Condições que aumentam o débito cardíaco tendem a agravar os sintomas da EM, tais como esforço físico, estresse, anemia, febre, gestação e hipertireoidismo. Quando há aumento da frequência cardíaca, também pode haver piora, pois há redução do tempo de diástole, o que dificulta o esvaziamento atrial pela válvula estenosada. Por outro lado, quando a EM se torna crítica e há acometimento do VD associada, há limitação do débito cardíaco.

ETIOLOGIA

A principal causa de EM é febre reumática. Outras etiologias são estenose mitral congênita, calcificação do anel mitral, LES, cor triatriatum, artrite reumatóide, mixoma do átrio esquerdo e endocardite infecciosa com grandes vegetações. No caso de EM reumática, as cúspides ficam espessadas por tecido fibroso e/ou depósitos de cálcio, há um estreitamento do ápice da válvula afunilada em “boca de peixe”.


HISTÓRIA CLÍNICA

O principal sintoma da EM é dispnéia aos esforços, podendo estar associada a uma síndrome de baixo débito (fadiga, cansaço, lipotímia), sendo um tipo de insuficiência cardíaca diastólica. Pode haver tosse com hemoptise (por ruptura de capilares sanguíneos pulmonares), dor torácica (por distensão do tronco da artéria pulmonar), rouquidão (por distensão do átrio esquerdo, comprimindo o nervo laríngeo – Síndrome de Ortner). Disfagia também é possível por compressão esofágica. Nos apêndices atriais aumentados, há predisposição a formação de trombos e aumento da possibilidade de embolização sistêmica.

EXAME FÍSICO

O pulso arterial geralmente é normal, podendo haver uma redução na amplitude em casos graves. Em casos críticos, também pode aparecer turgência jugular. Há hiperfonese de B1 e retardo da mesma, o componente pulmonar ( P2) de B2 mostra-se acentuado, pode-se também auscultar o estalido de abertura da valva mitral. O sopro característico da estenose mitral é o ruflar diastólico, no ápice, em decúbito lateral esquerdo, pode irradiar-se para a axila e para foco tricúspide. Diminui com a inspiração e com a manobra de Valsava e aumenta com o exercício físico. Pode aparecer B3 e B4, por comprometimento de VD, além de um sopro sistólico por insuficiência tricúspide, que aumentam com a manobra de Rivero-Carvalho

EXAMES COMPLEMENTARES

- ECG: importante para determinar se tem ritmo sinual, se há fibrilação atrial, se há sobrecarga e aumento do átrio esquerdo (onda P alargada e bífida) e desvio do eixo para a direita, por sobrecarga de VD.

- Radiologia de tórax: pode notar-se aumento de AE, por duplo contorno da silhueta do coração, por deslocamento superior do brônquio fonte esquerdo, por abaulamento do 4º arco cardíaco esquerdo (apêndice atrial esquerdo), além do deslocamento posterior do esôfago contrastado.

- Ecocardiograma-Doppler: importante para avaliar mobilidade e aspectos das cúspides, além de alterações nas câmaras cardíacas. O Eco Transtorácico fornece uma boa avaliação, porém, quando esta não for suficiente, indica-se Eco Transesofágico, ou então quando há busca de trombos atriais

TRATAMENTO

- MEDICAMENTOSO: Uso de beta-bloqueadores provoca bradicardia, melhora a dispnéia e diminui a classe funcional do paciente. Caso não se possa usar beta-bloqueadores, os antagonistas dos canais de cálcio estão indicados. Uso de diuréticos em associação pode ser feito. Medicamentos anticoagulantes e antibióticos também estão indicados.

- INTERVENCIONISTA: Está indicada para pacientes sintomáticos com estenose mitral de moderada a grave.

- Valvoloplastia percutânea com balão: na ausência de trombo ou regurgitação mitral severa, ou para pacientes assintomáticos com área valvar < 1,5cm2 e hipertensão pulmonar.

- Comissurotomia cirúrgica: valvoloplastia cirúrgica

- Troca Valvar: indicada para pacientes com escore de Block > 11, valva calcificada ou quando há associada uma insuficiência mitral.

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