Glicocorticoides

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(Diferença entre revisões)

Edição atual tal como 23h55min de 30 de Setembro de 2012

Texto de Sarah Diógenes


Tabela de conteúdo

Glicocorticoides

Os esteroides hormonais podem ser classificados em aqueles que têm efeito sobre o metabolismo intermediário e função imune (glicocorticoides), aqueles cuja atividade principal consiste na retenção do sal (mineralocorticoides) e aqueles que têm atividades androgênicas e estrogênicas. Vamos nos deter, contudo, aos glicocorticoides.


Mecanismo de ação

O principal corticoide de ocorrência natural secretado pelo córtex da supra-renal é o cortisol. Os efeitos mais conhecidos do glicocorticoide são mediados por receptores de glicocorticoides amplamente distribuídos. Eles são membros da superfamília de receptores nucleares e regulam a transcrição. Os receptores são citoplasmáticos em complexo com proteínas Hps90. Quando há a ligação com o receptor, ocorre uma alteração conformacional que permite a dissociação da proteína, se direcionando para o núcleo onde interage com a proteínas nucleares e com o DNA. Como homodímero, liga-se a elementos de resposta do glicocorticoides nos promotores dos genes responsivos. Além dessas ligações, também há a formação de outros fatores de transcrição (AP-1 e NF-KB) que ativam sobre os promotores que não tem os elementos de resposta. Eles medeiam os efeitos anti-crescimento, transcrição dos fatores de crescimento e citocinas inflamatórias.

Dois genes para os receptores de glicocorticoides foram identificados: um coldifica o receptor clássico de glicocorticoides e o outro codifica o receptor de mineralocorticoides.

A interação dos receptores de glicocorticoides com os elementos de resposta dos glicocorticoides (ERG) é mediado por proteínas co-ativadoras e co-repressoras. Atuam como pontes entre os receptores e outras proteínas nucleares. Os efeitos do glicocorticoides são devido as proteínas sintetizadas a partir do RNAm transcrito pelo seus genes-alvos. Eles podem se ligar a receptores de aldosterona tendo efeitos mineralocorticoide, podendo ser evitado pela expressão da 11B-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2.


Efeitos Fisiológicos

Os efeitos fisiológicos do cortisol inclui a resposta do músculo liso vascular e brônquico, a diminuição da cotecolamina na presença do cortisol, assim como as respostas lipolíticas das células adiposas adiposas à cotecolaminas, ao ACTH e ao hormônio do crescimento que são atenuados na presença de glicocorticoides.


Efeitos metabólicos

Os efeitos metabólicos do glicocorticoide inclui o metabolismo dos carboidratos , lipídeos e proteínas, estimulam a gliconeogênese, realizam a síntese do glicogênio no jejum, estimulam a liberação de aminoácidos no catabolismo muscular. Com os glicocorticoides, há um aumento da glicose no sangue que leva à secreção de insulina que estimula tanto a lipogênese quanto inibe a lipólise levando a um aumento de liberação da gordura e um aumento da liberação de ácido graxo e glicerol na circulação.


Efeitos catabólicos e anabólicos

Esses fármacos também apresentam efeitos catabólicos e anabólicos que são representados pela síntese de RNA e proteínas ligados ao fígado, exercendo efeitos catabólicos no músculo, na gordura periférica e na pele. Podem causar uma diminuição de massa na musculatura e um adelgaçamento na pele.


Efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores

Os efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores exercidos por esses fármacos são de extrema importância. Há uma diminuição da inflamação por causa dos efeitos na distribuição e função dos leucócitos, bem como dos efeitos supressores sobre as citocinas e as quimiocinas inflamatórias. Eles inibem também a interação entre as moléculas de adesão e as células endoteliais que causam o exsudato e a inflamação. Há um aumento da concentração de neutrófilos circulantes ( que leva seu maior influxo para o sangue vindo da medula óssea ) e uma diminuição da concentração de linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos ( pela movimentação do leito vascular para o tecido linfoide). Há tambpem uma inibição da função dos macrófagos e células apresentadoras de antígenos que leva a uma não produção de FTNa, IL-1, metaloproteinas e ativadores de plaminogênio. Vale lembrar que com a diminuição da produção de IL-12 e IFNy, não há atividade de TH1. Esses fármacos também inibem a fosfolipase A2 e consequentemente levam a uma redução da síntese de prostagalndinas, leucotrienos e fatores de ativação plaquetária. Os glicocorticoides levam, também, a uma vasoconstrição quando ocorre a supressão da degranulação dos mastócitos ( a diminuição da histamina circulante leva a uma diminuição da permeabilidade capilat), além de levar a ativação do complemento. Esses fármacos reduzem a expressão da COX-2 nas células inflamatórias com a consequente diminuição da quantidade de enzima disponível para a formação de prostaglandinas.


Efeitos adversos

NO SNC: alterações de comportamento, convulsões, excitabilidade, insônia

NO SISTEMA IMUNOLOGICO: favorecimento à infecções

NO SISTEMA DIGESTIVO: úlcera péptica, perfurações intestinais e pancreatite

NOS OLHOS: aumento da pressão intraocular que pode evoluir para glaucoma, catarata subcapsular e exacerbação de infecções.

NOS SISTEMAS ENDÓCRINO E METÁLICO: diabetes, retardo do crescimento e cushing iatrogênico.

NO SISTEMA CARDIOVASCULAR: hipertensão, IAM, ACS e fragilidade capilar.

NO MÚSCULO ESQUELÉTICO: perda da massa muscular, miopatia, osteoporose, e fraturas espontâneas.

NO SANGUE: hipercoagulabilidade e tromboembolismo.

NA PELE: atrofia da pele, estrias cutâneas, acnes, hisurtismo, equimoses e cicatrização lenta.

CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME DE CUSHING: Podemos incluir como efeito adverso: degeneração muscular periférica, obesidade central, face de lua cheia, dobras gordurosas supraclaviculares e dorsocervicais, estrias abdominais pigmentadas, acnes, hisurtismo, pletora facial, fragilidade capilar e hematomas, hipertensão, intolerância a glicose, hipocalcemia, arterioesclerose, infecção, distúrbios neuropsiquiátricos e osteoporose quando há excesso de glicocorticoides.


Considerações Finais

Devemos ter bastante cuidado com o uso de glicocorticoides pois o uso prolongado de glicocorticoides resulta em efeitos colaterais sistêmicos e supressão do eixo hipotalâmico-hipofise-adrenal. A suspensão do tratamento com glicocorticoide pode resultar em quadro de insuficiência adrenocortical e na “síndrome de retirada ou deprivação de corticoesteroides”.

A suspensão abrupta de terapia com glicocorticoide pode resultar em “crise adrenal aguda” podendo levar a desidratação, hipotensão e choque, taquicardia, nausea, vômito, anorexia, fraqueza, apatia, hipoglicemia, confusão mental e desorientação.



Bibliografia:

Farmacologia Básica e Clínica – Katzung – 10ª. Edição – Lange

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