Nefropatia por lesão mínima

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Texto de Fernando Klein Leitão

Tabela de conteúdo

Nefropatia por lesão mínima

A doença por lesão mínima (DLM) é responsável por 80% de todas as causas de síndrome nefrótica em crianças e 20% de todas as causas de síndrome nefrótica em adultos.

Patogenia e Histopatogenia

Ao que tudo indica, a DLM é uma “doença de linfócitos T (sensíveis a corticóides), os quais secretam uma citoquina (ainda desconhecida) que age sobre os podócitos, inibindo a síntese dos poliânions (sulfato de heparan) responsável pela ‘barreira de carga’. A perda de interação entre o podócito e as proteínas da matriz extracelular provocaria a fusão podocitária. A DLM, portanto, resulta em perda da carga negativa da barreira glomerular (perda da barreira de carga), originando um tipo seletivo de proteinúria. À microscopia óptica, há pobreza (e até ausência de achados). Na microscopia eletrônica, porém, é característico o achado de fusão dos processos podocitários.

Manifestações Clínicas

A doença por lesão mínima pode ocorrer em qualquer idade, mas predomina em crianças entre 1 a 8 anos. Os pacientes geralmente abrem um quadro de síndrome nefrótica clássica, como todos os seus sinais e sintomas. Em muitos casos, a proteinúria intensa se inicia logo após fatores desencadeantes, como episódios virais ou infecção respiratória. Existe claramente uma associação a fenômenos atópicos, como asma e eczema. A função renal não costuma estar alterada, a não ser que haja hipovolemia grave, com hipotensão e hipoperfusão renal. Por motivos desconhecidos, existem períodos de remissão espontânea e recaídas. A instabilidade hemodinâmica com choque cardiogênico é a complicação mais séria, em especial em crianças, ocorrendo geralmente na fase de formação do edema. Deve-se ter em mente que a DLM pode estar relacionada a uma série de doenças sistêmicas (principalmente o Linfoma de Hodgkin) e a drogas (principalmente AINES).

Manifestações Laboratoriais

Nos exames laboratoriais, a proteinúria costuma ser seletiva (mais albumina). Não há consumo de complemento e pode haver hematúria microscópica em até 20% dos casos. Os níveis de IgG costumam estar bastante reduzidos, mas os de IgM, aumentados.

Curso Clínico

O curso da DLM é marcado essencialmente por duas características básicas: (1) os períodos de remissão e atividade, e (2) a dramática resposta à corticoterapia. A evolução natural da DLM geralmente é boa, sendo que menos de 5% das crianças portadoras desenvolvem estado de “rim terminal”, quando acompanhadas por 25 anos.

Tratamento

No protocolo mais popular, o tratamento é feito com Prednisona oral na dose de 1 a 2 mg/kg/dia, administrados durante 4 à 6 semanas (ou interrompido antes, se houver remissão). A seguir, o esquema deve ser mudado para 0,7 a 1 mg/kg/dia em dias alternados por mais 4 a 6 semanas (ou interrompido antes, se houver remissão). Cerca de 90% dos pacientes com DLM respondem com melhora da proteinúria em 4 a 8 semanas após o início da corticoterapia. Por ser a DLM a responsável por 90% dos casos de síndrome nefrótica na criança até 8 anos, não é indicado a biópsia renal nesses pacientes, a não ser em casos não responsivos ao tratamento com corticóides.


Fonte: Medcurso e anotações de caderno

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