Filtração Glomerular e Fluxo Sanguíneo Renal

De WikiPETia Medica

Texto de Davi Melo


O mecanismo fisiológico básico da função renal consiste em, fazer o sangue aportado pela artéria renal e, em última instância, pela arteríola aferente, passar pela barreira dos capilares glomerulares, criando-se assim um líquido semelhante ao plasma, porém livre de proteínas, que escoa para o espaço de Bowmann(Espaço Urinário). Esse líquido é chamado de ultrafiltrado e possui características intermediárias entre o sangue e a urina final.

As concentrações do fluido resultante da ultrafiltração glomerular são semelhantes as do plasma, porém não contem proteínas e outros compostos de alto peso molecular em grandes quantidades, além de não apresentar elementos figurados do sangue. Sob condições normais, a taxa de filtração glomerular dos dois rins é de aproximadamente 125ml por minuto, ou 180 litros por dia, ou seja, o volume inteiro do sangue corpóreo circula mais de 30 vezes pelos rins em um dia.

Tabela de conteúdo

Barreira de Filtração Glomerular

A barreira de filtração glomerular consiste em 3 elementos básicos:

  • Células endoteliais
  • Membrana Glomerular Basal Carga Negativa
  • Podócitos (epiteliais)


Seletividade de Barreira

Ao contrário do que se possa imaginar, a barreira de filtração glomerular não é apenas uma estrutura física que exerce seu papel de barreira mecanicamente, como uma peneira. Existem alguns fatores que influenciam a seletividade da barreira de filtração glomerular, e os principais são:

  • Peso Molecular: compostos com um peso molecular superior a 5500Da tendem a ficar retidos, não estando presentes do ultrafiltra-do;
  • Raio Molecular efetivo
  • Carga elétrica: como visto no tópico anterior, algumas estruturas na barreira de filtração tem uma certa carga negativa, possuindo afinidade por substâncias de carga oposta, positiva. Por esta razão, íons ou outros compostos de carga positiva são incluídos na composição do ultrafiltrado, ao passo que aqueles de carga negativa apresentam uma maior dificuldade, sendo mais retidos.


Forças que Influenciam a Ultrafiltração

Existe uma fórmula que sintetiza as forças que atuam no processo de filtração glomerular e que será logo apresentada. Entretanto, antes de estudar a fórmula, é necessário que se conheçam cada uma dessas forças.

Forças que favorecem a ultrafiltração:

  • Pressão Hidrostática no Capilar Glomerular (PGC)
  • Pressão Oncótica do Espaço de Bowmann (πEB)

Forças que dificultam a ultrafiltração:

  • Pressão Hidrostática no Espaço de Bowmann (PEB)
  • Pressão Oncótica no Capilar Glomerular (πCG)

Então, juntando todas estas forças de forma sistêmica, tem-se: 𝑇𝐹𝐺= 𝑘𝑓 𝑥 𝑃𝑐𝑔−𝑃𝑒𝑏 − (𝜋𝑐𝑔 – 𝜋𝑒𝑏)

Efeitos da Resistência Arteriolar Aferente X Eferente

  • Quando há constrição da arteríola aferente, há uma diminuição do Fluxo Plasmático Renal, assim como da PCG e da TFG;
  • Quando há contrição da arteríola eferente, o Fluxo Plasmático Renal decai, mas a PCG aumenta. A TFG eleva-se inicialmente, mas volta a cair, pois a queda da FPR predomina, e por conseqüência, diminui consigo a TFG.

Outro importante ponto a se conhecer é o Fluxo Plasmático Renal (FPR), que é entendido como o volume de plasma que chega aos rins por unidade de tempo.

A relação entre a TFG e o FPR define um importante parâmetro conhecido como fração de filtração, que é o volume de filtrado que se forma de um dado volume de plasma que entra no glomérulo: 𝐹𝐹 = 𝑇𝐹𝐺/𝐹𝑃𝑅 ≅0,2

Controle do Fluxo Sanguíneo Renal

Uma importante característica da circulação renal é a habilidade de manter o fluxo sanguíneo renal e a TFG dentro de estreitos limites , mesmo que a pressão arterial varie. A essa estabilidade dá-se o nome de auto-regulação Renal. Dois mecanismos básicos coordenam a auto-regulação renal:

  • Resposta Miogênica: capacidade dos vasos sanguíneos de resistirem ao estiramento provocado por um aumento de pressão, desencadeando uma contração da musculatura lisa, ajudando a manter constantes, tanto o fluxo sanguíneo renal, quanto a TFG
  • Feedback Tubuloglomerular: esse mecanismo de auto-regulação estabelece uma ligação entre as concentrações de NaCl, na mácula densa, e o controle da resistência arteriolar renal. Está relacionado à liberação de renina e conseqüente vasocontrição arterial.


Bibliografia

Medicina Interna - Harrison - 17ª. Edição - McGrawHill

Tratado de Fisiologia Médica - Guyton & Hall - 11ª Edição - Elsevier

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