Retinopatia da Prematuridade

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Retinopatia da Prematuridade

Texto de Luana Silva Bessa Guimarães

Introdução

A retinopatia da prematuridade é uma desordem do desenvolvimento da vascularização da retina de RN prematuros e é a principal causa de cegueira tratável nos países desenvolvidos. A incidência de ROP em crianças nascidas com menos de 1250g foi de 68% e em recém-nascidos prematuros (< 37 semanas), ROP desenvolveu-se em 21% deles.

Fatores de Risco

Consistentes

São fatores de risco comprovados a baixa idade gestacional (risco 6x maior), baixo Peso (peso <1500g: risco 15x maior) e alta duração da ventilação mecânica (20 dias, risco de 6x maior; 40 dias, risco de 15x maior)

Não consistentes

  • Uso de surfactante.
  • Altos volumes de transfusão sanguínea.
  • Sepse.
  • Flutuações nas medidas dos gases sanguíneos.
  • Hemorragia intraventricular.
  • PaO2 elevada.
  • Deficiência de vitamina E.
  • Exposição à luz intensa.

Patogênese

Durante o desenvolvimento da retina neural, esse tecido aumenta a sua necessidade metabóica, o que induz uma hipóxia relativa durante o período gestacional. Há, portanto, produção de VEGF e IGF1 e consequente estimulação normal dos vasos retinianos.

O RNPT normalmente está em terapia de suplementação de oxigênio, cursando com hiperóxia da retina neural, que inicialmente vai inibir o VEGF e o IGF1 e a proliferação da vascularização retiniana.

A regressão dos capilares retinianos ocasiona hipóxia tecidual mais proeminente do que o necessário, com exacerbação da regulação do VEGF e proliferação anormal da vascularização retiniana. Nesse momento, está estabelecida a retinopatia da prematuridade.

Classificação

Estágio I

Linha de demarcação (branca) entre a retina avascular anterior e a retina vascularizada posterior

Estágio II

Linha de demarcação cresce na altura e na largura formando uma prega (branco-róseo). Vasos retinianos podem entrar na prega. Pequenos tufos de neovasos na área posterior à prega.

Estágio III

Proliferação fibrovascular extra-retiniana e neovascularização e formação de vasos extra-retinianos

Estágio IV

Descolamento parcial da retina por exsudação e/ou tração do tecido.

Subclassifica-se em:

  • A – extra-foveal
  • B- foveal

Estágio V

Descolamento total da retina em “funil”. Sinal de mau prognóstico.

Tratamento

Prevenção

  • Diminuir o tempo de uso de O2 (uso racional)
  • Dexametasona pré-natal: benefício não demonstrado
  • Terapia anti-oxidante (Vit E e outras) – controverso - nutrição adequada

Tratamento cirúrgico

Utiliza-se midríatico antes do procedimento Anestesia/Analgesia e sedação

Métodos: ablação da retina periférica avascular 360º, anterior 1. Crioterapia : “caneta” com gelo seco na ponta, aplicado na parte externa da esclera. Estaciona a progressão da doença. Lesão é mais externa (Zona 3); 2. Laser: melhor para Zonas mais internas (2 e 1) – laser diodo indireto - vantagens:

cicatrizes mais tênues
menos efeitos colaterais
anestesia tópica

3. Nos Estádios 4 e 5 é indicada a retinopexia (com explante ou vitrectomia).

Rastreio Precoce

Primeiro exame (idealmente: 4ª/6ª semana de vida)

Critérios de exame: (SBOP) a. PN < 1.500g e/ou IG < 32 semanas; b. RNs com fatores de risco:

  • I. Síndrome do desconforto respiratório;
  • II. Sepse;
  • III. Transfusões sangüíneas;
  • IV. Gestação mútipla;
  • V. Hemorragia intraventricular

Se no primeiro exame:

  • Retina madura (vascularização completa): seguimento com 6 meses (avaliação do desenvolvimento visual funcional, estrabismo, ametropias). Prematuros tem 46% de chance de ter essas alterações oftalmológicas;
  • Retina imatura + isquemia periférica: repetir exame com 2 semanas
    • evoluir bem: 3-4sem;
    • qualquer sinal de ROP: acompanhamento semanal

Follow-up

Acompanhar prematuro até 7-8anos (desenvolvimento completo da visão) Atentar para:

  • Risco de cegueira (2º cegueira infantil)
  • Ambliopia superposta

Maior risco de:

  • Estrabismo
  • Miopia
  • Anisometropia

OBS: Os pais das crianças que apresentam ROP devem ser informados da natureza do problema e suas possíveis consequências, além da necessidade de acompanhamento constante;

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