Houve mudanças recentes na biologia em relação à citologia e à histologia animal e vegetal?

Canal iônico do receptor de acetilcolina
Canal iônico do receptor de acetilcolina, um dos principais neurotransmissores do sistema nervoso autônomo de mamíferos. Autor: Yoshinori Fujiyoshi e Nigel Unwin. Permissão Wikimedia Commons: Cc-by-sa-3.0

 

Na última década, houve considerável progresso no conhecimento da organização e função das organelas e estruturas celulares e da interação entre os diversos tipos de células que compõem os tecidos animais. Pode-se citar, como exemplo, a identificação de canais iônicos e receptores na superfície celular, de moléculas de adesão, de proteínas do citoesqueleto, de fatores de crescimento etc. A identificação e a localização de diferentes moléculas permitiram maior compreensão de fenômenos celulares, tais como a migração de células, a regeneração de neurônios e de fibras musculares, a compartimentalização do Complexo de Golgi ou mesmo a identificação de novas organelas em protozoários.

Esse progresso resultou do desenvolvimento de tecnologias que permitem a identificação precisa de macromoléculas, não só no interior das células, mas também na matriz extracelular. Com a microscopia confocal, por exemplo, pode-se visualizar a organização tridimensional de moléculas marcadas com compostos fluorescentes. Já a técnica de crioultramicrotomia – que permite a obtenção de secções muito finas (60-100 nanômetros) de células/tecidos congelados – permite o estudo de células que não foram submetidas ao processo de fixação química, diminuindo, significativamente, os artefatos resultantes desse processo.
A utilização de sondas para detectar ácidos nucléicos (segmentos de DNA e diferentes tipos de RNA) permite estudar a expressão de genes em células submetidas a diferentes condições experimentais e em diversas doenças. Como na ciência moderna não há mais barreiras entre as diferentes áreas do conhecimento, essas técnicas são utilizadas por pesquisadores de diferentes especialidades: morfologistas, bioquímicos, microbiologistas, patologistas etc.

É importante salientar que, embora os termos citologia e histologia tenham conotação morfológica, a pesquisa nessas áreas tem adquirido, cada vez mais, caráter interdisciplinar.

Autoria do texto:
Elizabeth Ribeiro da Silva Camargos
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA, INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Publicado em:
Biologia : ensino médio / organização e seleção de textos Vera Rita da Costa, Edson Valério da Costa. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
125 p. (Coleção Explorando o ensino; v. 6)
ISBN 85-98171-17-4

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