A luz das estrelas

Caros amigos leitores da coluna Visões do Cosmos, anteriormente já apresentamos aqui uma breve participação nas celebrações do Ano Internacional da Luz, escrevendo algo sobre a luz no contexto do Universo. Na coluna de hoje resolvemos continuar com essa participação mostrando outros aspectos importantes sobre a luz e como surgiram os principais conhecimentos atuais sobre o fenômeno e o que a luz proveniente das estrelas nos diz.

 

Para relembrar, o Ano Internacional da Luz tem como objetivos a celebração de alguns fatos importantes relacionados à luz na história da ciência. São eles: os mil anos da óptica árabe, com os trabalhos de Ibn Al-Haytham no ano de 1015; os 200 anos do comportamento ondulatório da luz proposto pelo físico francês Augustin-Jean Fresnel (1788-1827); 150 anos da Teoria Eletromagnética da Luz do físico britânico James Clerk Maxwell (1831-1879); 110 anos da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein e também os 100 anos dos seus trabalhos sobre o Efeito Fotoelétrico; 50 anos da descoberta da Radiação Cósmica de Fundo feita pelos físicos norte-americanos Arno Allan Penzias e Robert Woodrow Wilson; e ainda os 50 anos dos trabalhos do físico chinês Charles Kuen Kao sobre o uso das fibras ópticas nas comunicações.

 

A luz que recebemos das estrelas nos diz muito sobre elas, é como se fosse uma “impressão digital” delas ou o seu “DNA”. Através do Espectro Eletromagnético e novas descobertas no campo da espectroscopia, hoje sabemos que as informações que recebemos das estrelas não são somente da luz visível, mas também de vários outros comprimentos de onda que chegam até nós por meio de ondas eletromagnéticas. A luz visível, aquela percebida pelo olho humano, é apenas uma pequena parte do espectro eletromagnético que vai desde ondas de rádio até raios X e radiação gama. Ou seja, existem muitas coisas no universo provenientes das estrelas que nós não enxergamos, mas podemos coletar informações que nos chegam através da radiação eletromagnética. A parte do nosso Sol, por exemplo, que vemos através da luz visível, é apenas a camada da Fotosfera. Outras estruturas e camadas solares somente são detectadas através da espectroscopia com equipamentos sofisticados.

 

Os primeiros estudos mais sistemáticos e com critérios científicos sobre a luz surgiram com uma disputa entre dois grandes cientistas, o inglês Isaac Newton e o holandês Christiaan Huygens. Ambos tinham ideias diferentes sobre a natureza da luz. Mais tarde, outros gênios – como Maxwell, Young, Plank e Einstein – apresentaram novas ideias e a natureza da luz foi desvendada.

 

Mas “Santos de Casa” também fazem sua lição, fazendo difusão científica – desvendando a natureza da luz para jovens e professores através de uma peça de teatro científico intitulada A Natureza da Luz. Me refiro ao grande trabalho e produção científica do mais importante museu interativo de ciências do Norte e Nordeste e um dos melhores do Brasil: A Seara da Ciência, órgão de divulgação científica da Universidade Federal do Ceará, associada à Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências (ABCMC). O trabalho da Seara da Ciência é gratuito e dirigido a todos os níveis de ensino, promovendo a difusão e popularização da Ciência e Tecnologia, o que carece de um olhar mais atento por parte de algumas autoridades locais.

A peça de teatro transformou-se num livro, produzido pela Seara da Ciência – UFC publicações, com autoria do Prof. Dr. José Evangelista de Carvalho Moreira e Profa. Dra. Betânia Montenegro, com uma brilhante ilustração de Diana Medina, ilustradora e mestre em criação.

 

O livro mostra de forma simples e objetiva os detalhes da famosa disputa sobre a natureza da luz. E sobre isso, o Prof. Evangelista fez uma belíssima descrição dessa disputa a qual eu descrevo agora na íntegra: “A Natureza da Luz é uma peça de teatro científico escrita com o objetivo de contar um pouco sobre a famosa disputa entre o inglês Isaac Newton, que considerava a luz como feita de partículas, e o holandês Christiaan Huygens, que defendia um modelo ondulatório para a propagação luminosa. No início, o modelo de Newton foi preferido pela maioria dos físicos, talvez devido ao grande prestígio do sábio inglês. No entanto, as duas hipóteses apresentavam várias dificuldades. Huygens achava que a luz seria uma onda longitudinal, como o som, e precisaria de um meio material para se deslocar. Surgiu, assim, a ideia do “éter”, que depois se tornou supérflua. Além disso, a descoberta de cristais com dupla refração indicou que a onda luminosa deveria ser transversal. Newton teve dificuldade de explicar o aparecimento de anéis de luz e sombra em certos arranjos de lentes, típicos de fenômenos de interferência ondulatória.

 

Depois que os dois já tinham morrido, o inglês Thomas Young mostrou que a luz apresenta o fenômeno de interferência, característica de ondas. James Clerk Maxwell mostrou teoricamente que a luz é uma onda eletromagnética e parecia ter encerrado de vez a controvérsia quando, no início do século XX, a teoria quântica de Max Planck e Albert Einstein trouxe de volta o caráter corpuscular da luz, introduzindo o conceito de “quantum” de luz, hoje chamado de fóton.”

Autor: Dermeval Carneiro

Coluna Visões do Cosmos – Jornal O Povo

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/colunas/visoesdocosmos/2015/11/07/noticiasvisoesdocosmos,3529113/a-luz-das-estrelas.shtml

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